Este é um texto sobre minha relação com meu corpo.
Eu sou Nycka Nunes, nômade digital e cultural e trabalho como artista visual, fotógrafa fine art e stylist. Como stylist acredito que estilo pessoal está ligado ao autoconhecimento, à personalidade e ao estilo de vida, e por isso é impossível rotular um estilo pessoal. Além disso, se alguém imita a aparência de outra pessoa isso vai na contramão do desenvolvimento de um estilo pessoal forte.
Eu sempre fui magra. A ponto de, a certa altura, tomar remédio para abrir o apetite. Naquela época eu comia pouco porque a comida na casa da minha avó materna, onde eu morava, era feia e ruim. Felizmente, na casa da outra avó a comida era sempre muito saborosa.
Hoje em dia eu procuro me alimentar bem, sem exageros, e aprendi a entender muitas das necessidades do meu corpo.
Eu tenho 1,75m de altura. E desde a adolescência tenho quadris largos, e seios pequenos. E meu tipo físico hoje é ampulheta, porque a medida para tipo físico é dos ombros, não dos seios. Nunca me incomodei com meus seios ou quadris. No início da adolescência era difícil achar biquíni pra comprar porque a maioria das lojas na minha cidade natal só vendiam as duas peças do mesmo tamanho e eu usava top pequeno e calcinha média. Felizmente tinha uma loja que fazia biquínis sob medida. E na vida adulta a diferença deixou de existir.
Por eu ter sofrido bullying por parte de membros da família materna, ter zero privacidade, e outras atitudes intoleráveis, passei a adolescência me achando feia. Quando alguma amiga da escola falava que algum garoto queria me conhecer eu sempre achava que só podia ser brincadeira. Só fui namorar depois de sair da minha cidade natal. Antes, eu não achava meu corpo feio, e também não me sentia bonita. Hoje entendo que era principalmente porque minhas roupas não eram roupas que eu gostasse e eu também detestava meus cabelos longos. A aparência imposta pela minha família não representava quem eu era.
Na vida adulta continuei sendo magra a maior parte do tempo. Até 2012 meu peso estava sempre em torno dos 58 quilos. Por vestir roupas que refletiam minha personalidade e viver experiências de reforço positivo em relação à minha aparência, fui ganhando autoconfiança.
De 2012 até a pandemia, meu peso variou muito - para mais e para menos - enquanto eu lutava contra os efeitos de uma situação extremamente traumática que vivi, que foi o primeiro passo para eu cortar relações com minha família materna e com todas as pessoas que tentaram me forçar a conviver com aquela gente.
Durante a pandemia, por ter ficado em casa e diminuído muito meu nível de atividade física, engordei mais de vinte quilos no primeiro ano de pandemia. Depois perdi quase todo o peso extra. Nesta semana estou com 64 quilos. Meu corpo está mais “feminino” que quando pesava 58kg. Com 58kg eu podia ter uma imagem andrógina com facilidade. Com 64 meus seios estão maiores. Não muito, mas o suficiente para não ser possível me confundir com um homem. Estou feliz com meu corpo atual. E gosto do corpo andrógino de antes.
Por muito tempo não gostei dos meus olhos caídos. Nos últimos anos fiz as pazes com eles. Meus dedos muito finos e longos também já foram motivo de incômodo. Na adolescência eu mantinha as unhas longas, porque gosto de esmaltes vermelhos ou de cores escuras, e minhas unhas, quando curtas, quase desaparecem pela proporção com o comprimento dos dedos. Também fiz as pazes com isso. A não aceitação dessas partes do corpo era efeito do bullying sofrido. Quando a voz dos meus parentes abusivos morreu na minha cabeça, passei a me ver como uma pessoa bonita em cada detalhe.
A morte dessa voz negativa foi um processo longo que me causou muito sofrimento. Na última etapa, destruiu minha saúde física, e causou impactos na minha aparência, como as mudanças de peso. No momento, a única coisa que preciso mudar são meus dentes, porque é a única parte do meu corpo que reflete o impacto dessa luta interna que venci.
Como crenças limitantes, herdadas de terceiros que não cuidam da própria saúde mental, ou autoimpostas, estão afetando você e te distanciando de cuidar melhor de si? Siga meus perfis nas redes sociais para mais conteúdos que podem te inspirar a se reconstruir e exaltar sua autenticidade.
Nycka Nunes
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