Outubro começa e todo mundo começa a falar do Outubro Rosa e da conscientização sobre o câncer de mama. Eu então resolvo retomar um tema que defendo há muito tempo, que está relacionada ao sofrimento que é, para muitas mulheres, perder os cabelos durante o tratamento de um câncer, e também para aquelas ainda mais invisíveis que têm alopecia. E esse ponto é a relação cruel que alguns canais de mídia fazem entre beleza, feminilidade e cabelos longos. Como se não houvesse oportunidade de ter uma vida plena em todos os sentidos para mulheres que têm cabelos curtos ou são carecas.
Eu perdi uma grande amiga para o câncer. Não por essa questão dos padrões de beleza, pois ela já tinha cabelos curtos antes e teve apoio de muita gente. Mas ainda assim acredito ser importante tirar esse peso dos ombros das mulheres. O peso de precisar ter cabelos longos para ter uma vida amorosa. O peso de precisar ter cabelos longos para se sentir bonita. E claro que apenas cada mulher pode tirar de seus próprios ombros este peso. Eu já tirei dos meus. E se isso servir de referência pra alguém, ótimo. Mas os outros também podem fazer sua parte reconfirmando que cada mulher é bonita mesmo careca.
Eu tenho 44 anos e uso cabelos curtos há cerca de vinte anos. Pra mim isso é fácil. Eu detestava meus cabelos longos porque eram pesados e era impossível fazer penteados. E naquela época eu morria de medo de descolorir pra mudar de cor, então eram sempre cabelos pretos (minha cor natural), lisos e sem graça. E minha vida amorosa era quase inexistente, assim como minha autoestima. Então, eu não tinha muito a perder, reconheço. Mas o bacana disso é que foi a partir dos cabelos curtos que a qualidade dos meus relacionamentos mudou para melhor. E a quantidade passou a corresponder à minha vontade. Eu me sinto mais bonita e passo menos calor com os cabelos bem curtos. E se acontece de danificar os fios com química, como aconteceu uma vez, eu simplesmente raspo e logo ele cresce de novo. Na única ocasião que fiz isso raspei na máquina zero e amei o resultado. Hoje ele está todo na máquina 1 (raspei há poucos dias) com a parte superior mais longa, com franja.
Desde os tempos do Orkut (2004) eu falo publicamente sobre isso. Admiro muito as mulheres que exibem suas carecas por aí. E também admiro as que assumem os cabelos curtos e variam corte, cor, estilo, sempre mantendo eles curtos (acima da linha da boca). Acho que todas deveriam experimentar raspar os cabelos umas três vezes na vida por vontade própria pra se acostumar com sua própria aparência e descobrir novas formas de valorizá-la, como usar brincos grandes (amo!) e maquiagem (sem os exageros propagados hoje em dia, por favor).
Autoconfiança é uma coisa que vem de dentro, mas de vez em quando a gente precisa duma forcinha de fora. E eu sugiro que toda pessoa de qualquer gênero que queiram apoiar verdadeiramente as mulheres neste mês postem fotos suas no Instagram com cabelos raspados e uma mensagem de encorajamento e usem a tag #baldforher. Vamos espalhar uma mensagem de que mulheres podem ser lindas sem depender de cabelos longos, de modo que aquelas que têm de enfrentar o câncer possam focar no tratamento, que é o mais importante. E as que estão carecas por outros motivos, como corte químico, alopecia, etc também sintam-se abraçadas. Aqui no blog já expliquei como raspar os cabelos em casa, mas você também pode ir a um bom barbeiro ou cabeleireiro para fazer isso. Alguns vão achar que você endoidou, mas explique a causa e siga firme na decisão. Quem seguir meu perfil no Instagram e fizer a foto usando a tag eu vou repostar a sua postagem.
Se gostou do texto, me pague um café no https://ko-fi.com/nycka.
Nycka, the Nomad
Comments
Post a Comment
🇬🇧 Comment here in Portuguese, English or Italian.
🇮🇹 Commenta qui in portoghese, inglese o italiano.
🇧🇷 Comente aqui em português, inglês ou italiano.