🇧🇷 Sobre segregação

Diante do levante geral contra o racismo devo dizer que sou contra o racismo, mas também sou contra negros que acham que todo branco é racista, pobres que acham que todo rico é explorador, ricos medíocres e conservadores, religiosos radicais e todo tipo de pessoa radical que acha que quem pensa diferente tem de estar errado para ela estar certa.
Nos últimos anos muitas coisas estão contribuindo para uma sociedade frágil e caótica. Desde o excesso de conteúdo de autoajuda que vem sendo produzido até as formas de atuação de pessoas que defendem causas como o combate ao racismo, ao machismo, à homofobia e mesmo o vegetarianismo e veganismo. Tudo tem sido polarizado e essa polarização idiota não leva ninguém a lugar nenhum. Só nas histórias infantis o inimigo é cem por cento mau e sempre externo. Na vida real é um bocado diferente, e isso Sidarta (o buda histórico), lá na Índia, já sabia há milhares de anos.
É patético e vergonhoso ver certas posturas. Não existe empregado sem patrão e para uma empresa ser grande precisa de empregados. Cada pessoa inteligente desenvolve talentos e se torna útil à sociedade através de seu trabalho. Cada vez mais a inteligência artificial e as máquinas vão tomando vagas de trabalho braçal, mas isso não começou ontem. Vem desde os tempos da revolução industrial. Então é importante desenvolver talentos para trabalhos criativos e estratégicos e ir muito além da técnica.
Se a nacionalidade, cor da pele, gênero, orientação sexual ou religião de alguém fala mais alto que seu talento, tem algo errado. Eu nasci no Brasil, mas não sou obrigada a me comportar como o brasileiro médio se comporta (ainda bem, porque o brasileiro médio é uma vergonha). Sou mulher, mas no meu campo de atuação nenhum homem faz meu trabalho melhor que eu. Nem outras mulheres. Orientação sexual também não é algo que a gente tenha de sair provando por aí. Não diz respeito a ninguém além de você mesmo.
Pra muita coisa nessa vida a gente precisa de apoio de outras pessoas. Eu mesma estou buscando apoio e patrocínio para estudar música no exterior, um amor de infância. Se o leitor puder colaborar, vou adorar! Mas são lutas individuais, não pertencem a todos os membros de um grupo, na maioria das vezes. Maioria não é todo mundo.
Tem muitas outras coisas que são lutas internas, de descobrir de onde veio aquele nosso sentimento de inferioridade ou que talentos me faltam para mudar minha condição. E com tanta fonte externa de autoajuda e lutas por minorias essa luta interna é negligenciada por muitos. Os radicais que mencionei no começo do texto buscam culpados, mas não fazem nenhum tipo de autoanálise. Só acham que são certos e donos da verdade. E se tornam um bando de chatos limitados.
As lutas internas são duras, terríveis, mas só encontramos paz real ao enfrentar essas batalhas. Existem inimigos fora? Sim, porque tem muita gente egoísta e espiritualmente miserável por aí. Mas sem encarar a batalha contra si mesmo e seus fantasmas internos toda batalha externa será perdida.
Por mais que a mídia tradicional insista em dar palco para idiotas porque seu maior interesse é ter audiência e a maioria das pessoas é culturalmente limitada e interessada em fofocas e crimes, existem pessoas com atitudes interessantes e diferentes nesse mundo.
Do ponto de vista do marketing, para dialogar com quem pensa diferente do que a mídia tradicional propaga é preciso pensar mais em conteúdo e menos em números.
Ninguém concorda 100% com tudo que outra pessoa faz e pensa, mas é absolutamente necessário que exista respeito pelas diferenças, pelos limites do outro e por si mesmo.
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Nycka, the nomad

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