As redes sociais e a superficialidade das relações interpessoais criadas por elas muitas vezes nos fazem crer que a vida do outro, especialmente das pessoas bem sucedidas, é fácil e nós somos sofredores, vítimas de um sistema ou de um grupo que quer nos massacrar. Sim, certamente existem pessoas que nos detestam. Ninguém agrada todo mundo. Nenhum dos grandes ícones religiosos agradou todo mundo. As maiores celebridades da atualidade ou de toda a história certamente não agradaram a todos. Mas enquanto nos comparamos a quem está sendo massacrado pela pressão e nos identificamos com tais pessoas dificilmente vamos identificar onde elas estão errando. E onde nós estamos errando.
Eu sempre fui de conversar com as pessoas à minha volta. Tenho fases de ouvir muito. Mas de vez em quando preciso falar também. Então essa superficialidade é um pouco estranha pra mim.
Às vezes estamos cercados de pessoas que não são nada inspiradoras pra chegar onde queremos estar. Vemos e ouvimos tanto das dificuldades delas que normalizamos isso. Ouvimos tantas críticas e se nos deixamos levar por elas e acreditamos que elas nos definem nunca chegaremos a lugar nenhum. Passamos a chamar de sorte a causa do sucesso de quem se destaca. Afinal, em qualquer estatística, vencedores são uma minoria.
Desde a infância sou apaixonada por ler biografias. E em qualquer biografia, mesmo aquelas que são adaptadas para o cinema e podem ter o conteúdo um pouco romanceado, vemos a luta por trás do sucesso das pessoas. Vemos que nunca foi sorte. Eu vejo isso e sempre me dá força pra encarar meus desafios. Tendo a pensar que se eles conseguiram eu também posso atingir meus objetivos, por mais que pareçam absurdos para muita gente. A diferença entre a maioria e quem tem sucesso fica muito clara em qualquer biografia.
Os conflitos e dores da maioria podem ser ótimos para criar boas músicas populares, mas para ser um músico bem sucedido é preciso ter uma luta diferente da maioria, encarar as coisas por ângulos que outros não vêem. Ver a vida com os olhos dos vencedores. Porque quem faz parte da maioria em qualquer estatística só nos ajuda a vencer se olhamos para tais pessoas com um olhar crítico buscando aprender tanto com os erros delas como com os nossos.
Eu já realizei coisas que até ali eram impossíveis muitas vezes. E ainda que algumas lutas demorem para serem vencidas e alguns objetivos sejam muito grandes, essas vitórias, mesmo que eu ganhasse na loteria para ter um impulso financeiro pra atingir alguns objetivos, não foram, não são e não serão mera sorte ou fruto do acaso. São vitórias construídas tijolo por tijolo.
Se você se identifica com isso, com as vitórias construídas tijolo por tijolo, e trabalha com arte, pode fazer parte do meu time. E isso não significa ser forte o tempo todo, mas saber identificar e gerenciar a própria fraqueza. Ainda que eu tenha conseguido muita coisa, tem dias que tenho vontade de chorar ou preciso de um ombro amigo pra ajudar a colocar a cabeça em ordem. Às vezes os únicos ombros amigos disponíveis são os meus. E se só tem eles, o jeito é ser minha melhor amiga e acolher minha dor da mesma forma que procuro ser amiga dos meus amigos. Foi fácil cultivar essa atitude? Não. A sociedade pressiona para a perfeição (e a pressão em si não é negativa ou positiva). A família pressiona pra sermos o que eles querem que sejamos, muitas vezes (e isso é negativo por geralmente nos distanciar de quem realmente somos). Tem pressão de todo lado, não importa se somos homens, mulheres, brancos, negros, cis ou trans, gays ou heterossexuais, nem importa nossa nacionalidade, religião, se nascemos em berço de ouro ou se nem berço tivemos, se somos famosos ou anônimos. E daí? Um diamante é um carvão que se saiu bem sob pressão. Você é carvão ou diamante? Cada um tem seu valor, certamente. Não dá pra acender uma churrasqueira ou uma lareira com diamantes. Mas aqui, quero falar com diamantes e com quem esteja disposto a polir a si mesmo pra tornar-se um.
Nycka, the Nomad
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